Marcos Rey nas lentes de amigos e escritores

No dia 17 de fevereiro de 2019, o escritor faria 95 anos

Edmundo Donato nasceu em São Paulo, cidade cenário de seus contos e romances. A noite, a boemia paulistana, e os mistérios guardados na arquitetura do centro da capital são protagonistas de suas histórias.

Seu primeiro livro, Um gato no triângulo, foi publicado em 1953. Após sete anos, lançou o romance Café na cama, um best-seller dos anos 60.

Autor de uma vasta produção de obras literárias e audiovisuais, assumiu o ofício de escrever em tempo integral, e viveu de seus textos e criações. Destacou-se pela qualidade de seus contos e romances – literatura de realismo urbano –, captando e recriando a atmosfera da grande cidade e de seus personagens; a aristocracia, a classe média e a vida noturna de São Paulo.

Edmundo, mas vamos usar aqui seu pseudônimo, Marcos Rey, teve muitos amigos e sempre foi muito querido. Sua história e sua produção literária estão catalogadas e consagradas nos resultados de pesquisa da internet. Em homenagem ao seu aniversário, reunimos aqui depoimentos de pessoas que viveram ao seu lado, e que nos contaram, de forma muito carinhosa, quem foi esse homem habilidoso e versátil, que escrevia como se estivesse filmando o cotidiano e a realidade da metrópole paulistana.

Com vocês, Marcos Rey, nas lembranças de…

Anna Maria Martins

A escritora, nesse vídeo, lembra a amizade construída sobre admiração mútua, consolidada na Academia Paulista de Letras, e fala do trabalhão que foi escolher os textos do livro Melhores crônicas de Marcos Rey, que é uma generosa porta de entrada para a literatura desse grande escritor.

Baptistão

A caricatura acima é uma leitura de Marcos Rey feita pelo cartunista Baptistão.

Ignácio de Loyola Brandão

Nesse vídeo, Loyola conta, como se fosse uma crônica, suas memórias sobre Marcos Rey.

Jiro Takahashi

Para mim, um caipira vindo do interior, Marcos Rey, além de ter sido o autor que mais livros vendeu entre os que tive privilégio de editar, foi um grande amigo e “tutor” de bares e restaurantes de São Paulo. Sabia tudo da cidade. Ele fez com sua São Paulo o que Balzac fez com sua Paris. Marcos foi o escritor que melhor captou a alma das ruas de sua cidade. Ele mesmo disse: “fotografei, com minha Underwood, boêmios, marginais, injustiçados, cínicos, enfermos sem leitos, cafetinas, desempregados, revolucionários confusos, presidiários, vendedores de ilusões, solitários, pré-suicidas, gente que ganhou na loteria, corruptos e até cachorros”. Todo esse álbum de histórias está nas dezenas de livros incríveis que ele nos deixou e continuam a nos dar um grande prazer de ler. (Jiro foi amigo e editor dos livros de Marcos Rey na coleção Vaga-Lume).

Palma Donato

Marcos Rey é retratado nesse vídeo por quem esteve boa parte da vida ao lado dele, incentivando sua dedicação à escrita, amenizando dificuldades e dividindo alegrias.

“1990

Não me sinto capaz de fazer balanços.

Que nenhum repórter me pergunte se valeu a pena.

Acho que não ficamos parados como dois bobos. Realizamos. Não muito, é verdade, no campo financeiro, mas uma vez ou outra pusemos a cabeça para fora do anonimato, circulamos, estivemos lá e acolá, conhecemos gente que merecíamos conhecer, fomos centro de atenções, sentimos na pela a neve de Berlin e Frankfurt, tomamos chope em Colonia, vimos Paris, ouvimos jazz em Londres, comemos pratos romanos, vimos El Greco e Goya cara a cara em Madrid, entramos em castelos portugueses, você me ouviu dar um show de tango num táxi em Buenos Aires. Não a muita distância acompanhamos os que vão na frente.

Não é fácil colocar 30 anos na peneira, mas se peneirados o resultado é bom até agora, sem falar do muito que ainda planejamos.

Tivemos momentos gostosos, como no Lido e em nossa própria casa. Você quase estraga uma telinha dum tal Degas! E é deles que a convido relembrar hoje e depois de hoje. Podemos fabricar novos, usando a cuca que Deus nos deu. Os bons momentos! Nós no Jumbo! Nós no Mediterrâneo! Colemos em nosso álbum uma sequência de instantes inesquecíveis. É o melhor jeito de comemorarmos estes 30 anos.”

Carta de Marcos Rey escrita para Linda Palma (O melhor das horas e da vida, Editora Nova Alexandria, 1ª edição, 2014)

 

Leia também a resenha de Os cavaleiros da praga divina, por Marcos Severo, escritor cearense, e fã incondicional de Marcos Rey.  

Assista ao booktrailer da obra O último mamífero do Martinelli.

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