Desafios atuais e futuros para os programas de ensino de jovens e adultos

Por Fernanda Faustino

Professora Cláudia Vóvio ministra palestra no estande da Abrelivros na Bienal 2012

Em palestra realizada no dia 13 de agosto de 2012, durante a 22a Bienal do Livro de São Paulo no estande da Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros), Cláudia Vóvio, professora e autora da coleção Viver, Aprender, abordou a metodologia utilizada com a finalidade de alfabetizar jovens e adultos.

A professora explica que, apesar do avanço, o Brasil ainda é um país que encontra dificuldades para a democratização do acesso à leitura. Uma das possíveis explicações para isso é que ainda existe muita desigualdade na distribuição de oportunidades, e somente esse aspecto exige que os processos de educação sejam constantemente reavaliados. “Ao mesmo tempo que vivemos em uma sociedade que monta uma bienal como esta, temos problemas para democratizar o acesso à cultura escrita”, salienta. “Precisamos refletir nas pessoas que utilizarão os materiais que estamos fazendo.”

No âmbito do aprendizado, a professora explica que o campo da Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um dos mais complexos, e, por causa disso, deveria haver uma formação específica para atuar na educação desse grupo, principalmente por não ser homogêneo. “Só no grupo de jovens, por exemplo, já existe uma variação muito grande entre as condições sociais de cada um deles, o que traz impacto na forma de aprendizado”, explica. Justamente pelo fato de ser uma modalidade bastante ampla, a professora ressaltou o cuidado na hora de produzir esse material. “Precisamos ter a preocupação de juntar a bagagem que eles já têm e que é tão diversa, dentro de um sistema para educar.”

De acordo com ela, o sistema para a realização de um material com tamanha profundidade é artesanal. “A coleção Viver, Aprender deu certo por ter sido um projeto editorial compartilhado por meio de uma parceria feita entre a Global Editora e a ONG Ação Educativa, feita com total apoio pedagógico”, comenta. “Os princípios educativos que temos hoje não foram criados no campo pedagógico, mas sim no campo social, pensando nas bases escolares.”

Outro ponto importante, de acordo com Cláudia, é que é preciso superar o argumento, que ainda prevalece, de que basta o sujeito se alfabetizar para melhorar sua posição social. “Precisa haver uma compreensão da realidade em que ele está inserido, um olhar crítico, um efetivo aprendizado.”

Segundo a autora, os próprios professores precisam ver o EJA com outros olhos, pois ainda predominam baixas expectativas com relação a esse programa. “Os professores precisam ter, sobretudo, formação de leitores para direcionar as atividades.” E finaliza: “De todos os desafios, um dos principais é inventar alternativas com metodologias corajosas”.