31 de outubro, dia do quê?

Pode se vestir de abóbora e morrer cheio de cáries na boca ou de travessuras quem achar de verdade que o dia é das bruxas. Por aqui, não. No Brasil, 31 de outubro é Dia do Saci e Dia da Poesia.

As travessuras brasileiríssimas do Saci são parte dos estudos dos costumes e crenças populares de Luís da Câmara Cascudo – o menino aprontão da carapuça vermelha está no Dicionário do folclore brasileiro e mais detalhado ainda na Geografia dos mitos brasileiros (Global Editora), onde se lê:

“Não havendo o Saci-pererê no norte nem no nordeste e sim constando com frequência segura no Folclore do sul brasileiro; tendo tradições palpitantes e vivas em todos os países que circundam o Brasil, especialmente nas regiões outrora povoadas pelos Tupi-Guaranis, de cujo idioma nasce seu nome, coincidindo ainda sua jornada sul-norte com o roteiro das migrações tupis, tenho o Saci como criação dessa raça e trazida ao Brasil por ela. Ausente o Saci dos mais minuciosos cronistas do Brasil colonial, omissão injustificável se a sua influência fosse semelhante à do Curupira, Hipupiaras, Anhangas, Juruparis, Caaporas etc., deduz-se que o mito não estava popularizado nos primeiros séculos da colonização. O Saci aparece em fins do século XVIII e tem sua vida desenvolvida durante o XIX.”

Assim como o Dia do Saci é oficializado por lei federal, o Dia da Poesia passou de 14 de março para 31 de outubro com a Lei 13.131, de 2015. A data anterior era o aniversário do poeta Castro Alves. A nova é pelo aniversário do poeta Carlos Drummond de Andrade, considerado por muitos estudiosos e autores como o mais importante da literatura brasileira em todos os tempos.

“No Brasil o poeta com quem sinto maiores afinidades é Carlos Drummond de Andrade.”

Declaração do poeta Manuel Bandeira, em entrevista que concedeu ao também poeta, cronista e jornalista Paulo Mendes Campos, publicada em 1949 na revista Província de São Pedro (resgatada no número 13 da revista Travessia, editada pela Universidade Federal de Santa Catarina).

“Fez poesia, sobretudo, para decifrar o mundo. A seu ver, não existia instrumento mais eficaz para perfurar a grande casca do real do que o poema. Por isso, Drummond tem uma linguagem precisa, tensa, afiada, resultado de sua longa e paciente luta com a linguagem. A poesia é uma arma, que precisa não só ser cultivada, mas aguçada.”

Do escritor e crítico literário José Castello, na crônica “Carlos apesar de Drummond”, do livro As feridas de um leitor (Bertrand Brasil, 2012).

“Compre o livro de Carlos Drummond de Andrade, sr. Alim Pedro, leia-o, e, se tem alguma sensibilidade, o senhor se envergonhará de não fornecer sequer água a quem lhe oferece o ouro das nuvens, o licor dos sonhos e o diamante da mais pura poesia.”

Rubem Braga, na crônica “O poeta”, do livro O poeta e outras crônicas de literatura e vida (Global Editora).

“Na verdade, Drummond não morreu. Apenas nos deixou a sós com os seus textos. Textos com os quais temos uma intimidade total, que nada pode inibir.”

Do poeta e ensaísta Affonso Romano de Sant’Anna, no texto “Perto e longe do poeta”, do livro Entre leitor e autor (Rocco, 2015).

Nos livros Anos 30 e Modernismo da coleção Roteiro da Poesia Brasileira (Global Editora) pode-se conhecer melhor a obra de Drummond, contextualizada com sua época.

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